A Ucrânia afirmou nesta quinta-feira (11) que seus drones de longo alcance atingiram uma importante plataforma petrolífera no Mar Cáspio esta semana, em uma missão até então não divulgada.
A atividade sinaliza uma nova expansão da lista ucraniana de alvos em uma crescente campanha para cortar as receitas energéticas russas que financiam a guerra.
“Este é o primeiro ataque da Ucrânia contra infraestrutura russa relacionada à produção de petróleo no Mar Cáspio”, disse uma fonte do Serviço de Segurança da Ucrânia , classificando o ataque como “mais um lembrete para a Rússia de que todas as suas empresas que trabalham para a guerra são alvos legítimos”.
A plataforma petrolífera Filanovsky, pertencente à Lukoil, afirma ser o maior campo de petróleo no setor russo do Mar Cáspio.
Escalada de ataques
A campanha de sanções profundas da Ucrânia contra instalações energéticas russas começou no início de 2024, mas desde o início de agosto desde ano, Kiev intensificou esses esforços, reforçando o que o comissário ucraniano de sanções, Vladyslav Vlasiuk, chama de “sanções de longo alcance” contra a principal fonte de renda da Rússia.
A Ucrânia agora está atingindo uma gama cada vez maior de alvos, incluindo não apenas refinarias, mas também infraestrutura de exportação de petróleo e gás, oleodutos, navios-tanque e, agora, infraestrutura de perfuração offshore.
Novembro registrou o maior número de ataques em um único mês, de acordo com dados do projeto ACLED (Armed Conflict Location & Event Data).
Isso ocorre em um momento crítico da guerra. Os recentes esforços de paz liderados pelos EUA parecem ter apenas endurecido as exigências maximalistas da Rússia, e as forças de Moscou estão avançando em diversas áreas da linha de frente.
Esse fato, aliado a um excesso de oferta global de petróleo que protege o mercado contra possíveis aumentos de preços, significa que os aliados ocidentais da Ucrânia têm demonstrado um apoio cada vez maior a essa campanha.
“Acho que a estratégia geral desde o verão é a ideia de que não se pode permitir que a Rússia retenha grande parte de sua receita energética crucial, que tem alimentado a enorme vantagem de recrutamento de mão de obra que Moscou tem sobre a Ucrânia”, disse Helima Croft, chefe global de estratégia de commodities da RBC Capital Markets.
Ela se referiu à capacidade da Rússia de pagar altos salários e bônus de alistamento para recrutar soldados.
“Portanto, acredito que seja um esforço mais sistemático para, de certa forma, fechar esse caixa eletrônico de energia”, acrescentou Croft.
Ataques repetidos, alvos maiores
Entre o início de agosto e o final de novembro, a Ucrânia atacou pelo menos 77 instalações energéticas russas, quase o dobro do total dos primeiros sete meses do ano, segundo a ACLED.
Em novembro, foram registrados pelo menos 14 ataques a refinarias e quatro a terminais de exportação russos.
Atacar as mesmas instalações várias vezes tornou-se uma parte fundamental da estratégia. A refinaria de Saratov, pertencente à Rosneft, por exemplo, foi atacada pelo menos oito vezes desde o início de agosto, sendo quatro desses ataques em novembro.
Apoio ocidental
Dois fatores externos permitiram que a Ucrânia intensificasse seus ataques ao setor energético nos últimos meses. Primeiro, uma mudança drástica de posição por parte dos Estados Unidos.
“É muito difícil, senão impossível, vencer uma guerra sem atacar o país invasor”, escreveu o presidente dos EUA, Trump, no Truth Social no final de agosto.
Em outubro, os EUA aumentaram o compartilhamento de informações de inteligência com a Ucrânia após a fracassada cúpula no Alasca entre Trump e Putin, com foco em alvos relacionados à energia dentro da Rússia, na esperança de forçar o país a retornar à mesa de negociações.
A Europa também estava de acordo.
“No final do verão, ninguém na sala sequer mencionava que a Ucrânia deveria se abster de atacar qualquer alvo”, observou Dovilė Šakalienė, parlamentar lituana que atuou como ministra da Defesa do país até outubro deste ano.

“A crescente percepção entre os europeus de que o fracasso da Ucrânia afetará diretamente nossa segurança no período de um mandato parlamentar padrão também contribuiu”, acrescentou.
“Os EUA continuam sendo um parceiro ativo no que diz respeito aos ataques de longo alcance da Ucrânia contra alvos energéticos russos, enquanto os aliados europeus intensificaram seu envolvimento”, disse uma fonte do programa de drones da Ucrânia.
O segundo grande fator favorável para a Ucrânia tem sido a queda dos preços do petróleo, impulsionada por uma sobreoferta global.
Helima Croft, chefe global de estratégia de commodities da RBC Capital, disse que “simplesmente não conseguia imaginar que o governo Trump, tão focado na redução dos preços da gasolina no varejo”, apoiaria tanto os ataques da Ucrânia à energia russa se os preços do petróleo estivessem altos.
Uma fonte da inteligência ocidental disse que a Ucrânia está recebendo apoio extra nessa campanha “conforme necessário” e que “o objetivo é que esses ataques tenham consequências”.
Os mercados globais de petróleo “podem suportar”, acrescentou a fonte.




