O câncer de mama tem afetado mulheres em faixas etárias cada vez mais baixas. Diante deste cenário, o autoconhecimento do corpo e a busca por ajuda médica aos primeiros sinais da doença se tornam fatores cruciais para o diagnóstico precoce e o sucesso do tratamento.
A analista de projetos Michele Pereira, de 31 anos, recebeu o diagnóstico de câncer de mama sem ter histórico familiar da doença. O câncer era do tipo triplo negativo, uma forma mais agressiva e que geralmente se manifesta em mulheres mais jovens.
“Eu nunca me perguntei ‘por que eu?’. Eu sempre me perguntei ‘o que eu vou fazer com isso?’. E foi isso que mudou a chave do tratamento. Eu encarei o tratamento de uma forma mais leve”, relata Michele Pereira, ao descrever a forma como lidou com a notícia.
Michele descobriu o nódulo durante o autoexame realizado no banho, o que a levou a procurar imediatamente o médico. Ela ressalta que o autoconhecimento do corpo é vital para perceber alterações.
“A gente não tem a sensibilidade nas mãos, é um nódulo, é uma dor, é uma retração. A gente precisa conhecer o nosso corpo”, afirma a analista de projetos.
O tratamento de Michele durou quatro anos e incluiu quimioterapia, cirurgia, radioterapia e a superação de uma recidiva (recaída da doença). Durante a jornada, ela se casou e, atualmente, está à espera de sua filha, Lara.
Sociedade Brasileira de Mastologia alerta para o aumento em jovens
Histórias como a de Michele Pereira têm se tornado mais frequentes. De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o câncer de mama é diagnosticado em mulheres cada vez mais jovens. O levantamento da entidade indica que uma em cada dez mulheres diagnosticadas com a doença tem menos de 40 anos.
Annamaria Massahud, representante da Sociedade Brasileira de Mastologia, explica o perfil da doença nesta faixa etária. “Geralmente, as pessoas que têm câncer de mama nessa idade muito jovem, o câncer costuma ser mais agressivo, tem maior chance de metástase, por isso a gente precisa de exames complementares para ter certeza de que não há nenhuma célula alterada”, alerta a especialista.
A mastologista reforça a importância do acompanhamento médico para o diagnóstico precoce, especialmente em casos de histórico familiar, quando a indicação pode ser iniciar o rastreamento mais cedo.
A orientação para todas as mulheres é observar o corpo e conhecer a própria mama, percebendo alterações como nódulo, retração da pele ou secreção. Mesmo antes dos 40 anos, algumas mulheres podem necessitar iniciar o acompanhamento com ressonância magnética a partir dos 30, a depender do risco.
Michele Pereira, que superou o câncer, transmite uma mensagem de esperança. “É importante a gente mostrar que existe muita vida, muita beleza, mesmo em meio à luta contra o câncer. E eu sou a prova disso, com a Lara vindo aí”, finaliza.