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Encarregado da embaixada dos EUA diz que país tem interesse em minerais estratégicos do Brasil, relata presidente de instituto

O presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, afirmou nesta quinta-feira (24) que o encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, voltou a manifestar o interesse do governo norte-americano nos minerais críticos e estratégicos (MCEs) do Brasil.

Minerais críticos e estratégicos são aqueles que desempenham papel central na economia do presente e do futuro. São usados, por exemplo, na tecnologia de ponta, em chips para celulares e computadores e na transição energética.

 Grande parte desses minerais pertence ao grupo das chamadas “terras raras”, que são tão importantes na geopolítica mundial que, nos últimos meses, os EUA fecharam acordos sobre elas com Ucrânia e China. As maiores reservas do mundo estão na China a no Brasil (veja mais abaixo).

Segundo Jungmann — que foi ministro da Segurança no governo Michel Temer — Escobar citou o tema durante reunião com representantes do setor privado. O Ibram, que representa as principais mineradoras do país, é uma entidade privada e não tem poder de negociação institucional com governos estrangeiros.

O ex-ministro destacou que o mesmo recado já tinha sido transmitido por Escobar havia cerca de três meses.

“O encarregado de negócios da embaixada não falou isso, de ‘realizar acordos’ etc. O que ele falou é que os EUA tinham interesse nos MCEs — o que, aliás, ele já tinha nos falado há três meses”, disse.

 

De acordo com o presidente do Ibram, a posição do instituto foi reafirmada:

“Dissemos então que a pauta de negociações era privativa do governo. E que nós pretendíamos negociar com o setor privado de lá.”

A conversa ocorre em meio à tensão diplomática provocada pela decisão dos Estados Unidos, sob liderança do ex-presidente Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros exportados ao país. A medida entrará em vigor em poucos dias, em 1º de agosto.

Escobar tem mantido conversas com autoridades brasileiras sobre o tarifaço. O governo Lula considera que a medida tem motivação política e representa uma forma de retaliação às decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente ao julgamento de Jair Bolsonaro.

O Brasil e os minérios estratégicos

 

Pouco conhecida do grande público, a presença brasileira no mapa dos minerais estratégicos tem despertado cada vez mais atenção de governos e empresas ao redor do mundo.

O país possui vastas reservas de recursos considerados cruciais para o futuro da economia global — entre eles, o nióbio, o lítio, o grafite, o cobre, o cobalto, o urânio e os chamados elementos terras raras. Esses minerais estão no centro das transformações tecnológicas e energéticas do século 21.

Do carro elétrico à energia solar, do celular ao míssil hipersônico, praticamente todas as grandes inovações da atualidade dependem de minerais críticos.

E é justamente por isso que as maiores potências do mundo têm se movido para garantir acesso seguro e diversificado a essas matérias-primas.