A probabilidade de um jovem de classe média-alta cruzar a barreira do ensino médio e ingressar em uma universidade é mais que o triplo da registrada por um filho de uma família pobre no Brasil. A conclusão é de um estudo de pesquisadores da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul).
Para analisar o tema, o levantamento comparou dados dos jovens das famílias 20% mais ricas do país, que envolvem as classes média e alta, com estatísticas das 20% mais pobres.
O estudo leva em consideração brasileiros da mesma faixa etária (18 a 24 anos) que estavam na condição de filhos em seus domicílios e que já haviam concluído o ensino médio. O que muda entre eles é a faixa de renda domiciliar per capita (por pessoa), considerada uma “origem social” pelo estudo.
A partir da divisão dessa população por rendimento, o levantamento segue um modelo estatístico que calcula as possibilidades de cada grupo ingressar na graduação.
“É um número muito grande, é mais do que o triplo”, diz André Salata, coordenador do laboratório de estudos PUCRS Data Social. O pesquisador também está à frente do levantamento.
“O que explica [a diferença] é justamente a origem. Os jovens das famílias de cima [da distribuição de renda] têm muito mais recursos econômicos e culturais do que os jovens que vêm de baixo. Isso tem uma influência muito grande”, afirma.
Em média, o rendimento per capita das famílias 20% mais pobres estava próximo a R$ 267 por mês em 2022. Em igual período, a renda era de quase R$ 3.762 por pessoa entre os 20% mais ricos, também em média.
O segundo grupo, contudo, não reunia apenas famílias com supersalários. Para se ter uma ideia, as 20% mais ricas tinham rendimento que variava de R$ 1.851 a R$ 37.470.